sábado, 25 de julho de 2015

12h-12h

o buraco me engole
mas eu subo e a calma vem
reluzente como quem levita
e a corda
bamba
rasga
grita
e se pendura em mim
e me implora
por uma abertura
pra passar devagarinho

o sangue suja a manga da roupa
e a boca mastiga pedaços de asfalto
como um tolo na colina, no alto
gritando um silêncio profundo
como um alce fugindo do abismo
procurando um pedaço de mundo

quinta-feira, 23 de julho de 2015

pote de mel

de noite eu ligo o abajur
e o seu aroma invade a sala
o silêncio dá gargalhada
quando a trama vira plano de fundo
e a ausência
do seu ranger de dentes
deixa todo o quarto imundo

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Ponto e vírgula

preciso de alguém pra engolir
as palavras que derramam
e escorrem apertadas
e não saram

melancolicamente as letras
tocam o chão
e sujam e molham
e não há alma viva
que fique de olhos abertos