ela chegou
e o meu pé parou de tremer
não ardia, não queimava
mas ela disse "obrigada"
e a porta do taxi fechou
e o vento infestava os pulmões
de agonias de dias e nãos
e o celular que parou
e ela se foi se não foi
Insônia
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
nuvem
foi muita porrada e um pouco de sangue
enquanto eles gritavam "gorda"
com o tênis sujo de terra
quase dentro da sua boca
que tipo de pai vê a própria filha
sangrando
e se cala?
"dá ou não dá o remédio?"
e ganhou a tal magreza
e as congratulações
(as pessoas olhavam pra ela
agora
como desejável
ou, pelo menos,
algo que a gente não cospe em cima
antes de passar o pau.)
e então veio a insônia
e as crises extremas de raiva
agora a roupa cabia
e centenas de olhares fúteis
e a tendência a tremer sozinha
no meio da madrugada
enjoada de tanto chorar
por se odiar
magra
enquanto eles gritavam "gorda"
com o tênis sujo de terra
quase dentro da sua boca
que tipo de pai vê a própria filha
sangrando
e se cala?
"dá ou não dá o remédio?"
e ganhou a tal magreza
e as congratulações
(as pessoas olhavam pra ela
agora
como desejável
ou, pelo menos,
algo que a gente não cospe em cima
antes de passar o pau.)
e então veio a insônia
e as crises extremas de raiva
agora a roupa cabia
e centenas de olhares fúteis
e a tendência a tremer sozinha
no meio da madrugada
enjoada de tanto chorar
por se odiar
magra
sábado, 25 de julho de 2015
12h-12h
o buraco me engole
mas eu subo e a calma vem
reluzente como quem levita
e a corda
bamba
rasga
grita
e se pendura em mim
e me implora
por uma abertura
pra passar devagarinho
o sangue suja a manga da roupa
e a boca mastiga pedaços de asfalto
como um tolo na colina, no alto
gritando um silêncio profundo
como um alce fugindo do abismo
procurando um pedaço de mundo
quinta-feira, 23 de julho de 2015
pote de mel
de noite eu ligo o abajur
e o seu aroma invade a sala
o silêncio dá gargalhada
quando a trama vira plano de fundo
e a ausência
do seu ranger de dentes
deixa todo o quarto imundo
e o seu aroma invade a sala
o silêncio dá gargalhada
quando a trama vira plano de fundo
e a ausência
do seu ranger de dentes
deixa todo o quarto imundo
quarta-feira, 22 de julho de 2015
Ponto e vírgula
preciso de alguém pra engolir
as palavras que derramam
e escorrem apertadas
e não saram
melancolicamente as letras
tocam o chão
e sujam e molham
e não há alma viva
que fique de olhos abertos
as palavras que derramam
e escorrem apertadas
e não saram
melancolicamente as letras
tocam o chão
e sujam e molham
e não há alma viva
que fique de olhos abertos
sábado, 6 de junho de 2015
Dia
os nós dos dedos dela
entrelaçados ao que se esvai
ele ama e nem sabe a razão
ama a ilusão do egoísmo infundado
fecham os olhos e brincam de gatos
ela usa as garras, ele ronrona
aquecidos pela névoa cinzenta
de um breve e faminto luar
entrelaçados ao que se esvai
ele ama e nem sabe a razão
ama a ilusão do egoísmo infundado
fecham os olhos e brincam de gatos
ela usa as garras, ele ronrona
aquecidos pela névoa cinzenta
de um breve e faminto luar
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